sábado, 29 de setembro de 2012

Em Goiana, terra da Fiat, disputa pela Prefeitura é acirrada


ECONOMIA 


A cidade de Goiana está redesenhando o cenário econômico da Zona da Mata Norte pernambucana. Tradicional pelas usinas de cana-de-açúcar, o município vê as plantações dando espaço aos canteiros de obras. O polo farmacoquímico já caminhava quando, em 2010, foi anunciada a construção de uma fábrica da Fiat. Junto com a montadora, virá um complexo automobilístico formado pelas empresas que fornecerão para a italiana.
Por causa deste cenário, a concorrência pela Prefeitura de Goiana é acirrada. Três candidatos disputam a preferência dos 50 mil eleitores aptos a votar (ao todo, são 80 mil habitantes): Carlos Viegas (PDT), Fred Gadelha (PTB) e Tenente Menezes (PRTB).
O atual prefeito, Henrique Fenelon (PCdoB), apoia o pedetista. O gestor, entretanto, amarga um alto índice de rejeição. O crescimento que a cidade vive é atribuído pelos moradores ao Governo do Estado.
“Quem trouxe a Fiat para o Brasil foi Lula e Eduardo trouxe para Pernambuco e Goiana. Qualquer pessoa que estivesse na Prefeitura iria para assinar a permissão da fábrica. A vaia é segura onde ele [Fenelon] subir”, comenta o gari Moisés Miguel de Sousa, de 62 anos. O morador também comemora a chegada de uma unidade do Sesc e de uma Escola Técnica. Tudo na conta de Eduardo, segundo ele.
Outras pessoas reclamam do atraso no salário dos servidores, do fechamento de tradicionais igrejas pelo “Infame” – como alguns descontentes chamam o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) -, da interdição de parte do principal hospital da cidade, o Belarmino Correia, e das constantes faltas de aulas nas escolas públicas.
“A cidade está horrível em todos os sentidos. Muita sujeira, falta de creche. Tem posto que nem médico tem. Aqui na feira a coberta para proteger da chuva está toda acabada. A feira de frutas é um fedor”, lamenta a feirante Rosália Rodrigues, de 38 anos.
Já “Fred da Caixa”, como Fred Gadelha é conhecido por ser gerente da Caixa Econômica, tem o apoio do governador Eduardo Campos (PSB) e o PT, do ex-presidente Lula e da presidente Dilma Rousseff. A aliança faz com que o prefeiturável tenha o maior volume de campanha entre os candidatos, mas o barulho dos carros de som incomoda os moradores.
“Tem dias que nem dá para ver TV. É muito barulho. Eles podiam pelo menos baixar o volume um pouquinho”, reclama a estudante Bianca Pimentel, de 16 anos. Pois é. Se Goiana vive um crescimento de capital, a forma de fazer campanha ainda é típica dos municípios do interior. Muitos carros de som circulam pelas ruas em uma verdadeira guerra de barulho e a maioria dos eventos são carreatas e porta a porta. O PTB considera a eleição de Fred como uma das prioridades do partido no Estado.
Apesar de não ter apoio de caciques, o tenente Menezes cresce nas pesquisas. Ele disputou a eleição passada para prefeito, em 2008, e teve pouco mais de 1,3 mil votos, que representou 3,5% do total. Este ano, entretanto, há quem diga na cidade que ele está empatado com Fred ou até já superou. A informação, entretanto, é extraoficial, já que nenhuma pesquisa de intenção de votos foi inscrita no Sistema de Registro de Pesquisa Eleitoral (PesqEle) do Tribunal Regional Eleitoral de Pernambuco (TRE-PE). “Ele é o Celso Russomanno daqui”, brincou um morador, referindo-se ao candidato do PRB à Prefeitura de São Paulo, que lidera com folga as pesquisas, superando caciques como José Serra (PSDB).

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