terça-feira, 27 de novembro de 2018

Bolsonaro passa esta terça em Brasília para série de reuniões

Postado por Jeozivaldo Cesar

JC Online

A expectativa é que sejam concluídos os nomes da equipe ministerial; ainda faltam definições para os ministérios do Meio Ambiente, de Direitos Humanos, Mulheres, Minorias e Desenvolvimento, além de Minas e Energia
O presidente eleito não informou se pretende fundir as pastas da área social a outras áreas ou mantê-las como estão / Foto: ABr
O presidente eleito não informou se pretende fundir as pastas da área social a outras áreas ou mantê-las como estão
Foto: ABr
Agência

O presidente eleito, Jair Bolsonaro, passa o dia desta terça-feira (27) em Brasília para uma série de reuniões no gabinete de transição, no Centro Cultural do Banco do Brasil. A previsão é retornar ao Rio de Janeiro apenas na tarde desta quarta-feira (28). Acompanham Bolsonaro o empresário Paulo Marinho e Paulo Guedes, futuro ministro da Economia. A expectativa é que sejam concluídos os nomes da equipe ministerial.
Ainda faltam definições para os ministérios do Meio Ambiente, de Direitos Humanos, Mulheres, Minorias e Desenvolvimento Social e o de Minas e Energia. O presidente eleito não informou se pretende fundir as pastas da área social a outras áreas ou mantê-las como estão.
Nesta semana, Bolsonaro participa de três formaturas de integrantes das Forças Armadas. Nesta quarta-feira, no Instituto Militar de Engenharia, no Rio, na sexta-feira (30), ele participa da Escola Superior de Aperfeiçoamento de Oficiais, na Vila Militar, e no sábado (1º), da Academia das Agulhas Negras, onde ele se formou, em Resende, no interior do estado.

EUA

Porém, a expectativa é para o encontro do presidente eleito às 7h da manhã de quinta-feira (29) com o chefe do Conselho de Segurança Nacional dos Estados Unidos, John Bolton. A reunião foi confirmada pelo norte-americano e pela equipe de Bolsonaro.


“Feliz de receber a visita do Conselheiro de Segurança Nacional dos Estados Unidos, na próxima semana. Certamente, teremos uma conversa produtiva e positiva em prol de nossas nações”, ressaltou o presidente eleito, na semana passada pelo Twitter.
Bolton incluiu a passagem pelo Rio de Janeiro antes de cumprir de seguir para Buenos Aires, na Argentina, onde participa da Cúpula do G20 (que reúne as maiores economias mundiais). A pauta do encontro não foi divulgada. A previsão é que tratem de relações comerciais e de segurança, assim como a eventual presença do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, na posse em 1º de janeiro de 2019.

Missões

O deputado federal reeleito Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do presidente eleito, iniciou nessa segunda-feira (26) uma série de compromissos em Washington, capital dos Estados Unidos para articular uma aproximação entre o governo de transição e a administração de Donald Trump.
Eduardo Bolsonaro divulgou uma síntese resumo de seus compromissos durante o dia: "Palestra no American Enterprise Institute; encontro com representantes do vice-presidente Mike Pence, do Departamento de Comércio e do National Security Council e agora com o Secretário-adjunto do Tesouro Americano, Sr. Malpass", enumerou. "A certeza de que o Brasil e EUA têm muito a somar em diversas áreas", completou, em sua página no Twitter.

O ensino em tempos de Bolsonaro, um temor para professores brasileiros

Postado por Jeozivaldo Cesar 

Revista DOMTOTAL
'É uma tentativa de fazer da escola um lugar para treinar mão de obra barata, não um lugar para estimular o pensamento crítico, o pluralismo e a diversidade'.
Os temores dos professores encontram fundamento devido ao forte apoio que o presidente eleito dá ao controvertido projeto
Os temores dos professores encontram fundamento devido ao forte apoio que o presidente eleito dá ao controvertido projeto "Escola sem Partido", considerado uma espécie de "lei da mordaça". (AFP)
São acusados de doutrinar alunos e podem ser filmados em sala de aula por seus estudantes: muitos professores brasileiros denunciam ataques a sua liberdade de ensinar e temem que a situação piore quando Jair Bolsonaro assumir a presidência.
Os temores dos professores encontram fundamento devido ao forte apoio que o presidente eleito dá ao controvertido projeto "Escola sem Partido", que os críticos consideram uma espécie de "lei da mordaça".
A proposta, que é debatida no Congresso, visa à publicação de uma carta de seis pontos que recorda que o professor "não se aproveitará da audiência cativa dos alunos para promover os seus próprios interesses, opiniões, concepções ou preferências ideológicas, religiosas, morais, políticas e partidárias".
"Respeito às crenças religiosas e às convicções morais, filosóficas e políticas dos alunos, de seus pais ou responsáveis, tendo os valores de ordem familiar precedência sobre a educação escolar nos aspectos relacionados à educação moral, sexual e religiosa", diz ainda o texto.
Para Taliria Petrone, deputada eleita pelo PSOL, este texto equivale a impor "um único pensamento, destinado a manter as desigualdades histórica no Brasil".
"É uma tentativa de fazer da escola um lugar para treinar mão de obra barata, não um lugar para estimular o pensamento crítico, o pluralismo e a diversidade", afirmou a professora de história de 33 anos à AFP.
Para Luana Fonseca, professora de jardim de infância no Rio de Janeiro, ameaças à liberdade de educação já são visíveis. "Já estamos lidando com uma forma de autocensura, os professores têm medo e um de meus colegas foi filmado em sala de aula porque usou a palavra ideologia", explica.
"É difícil estabelecer um diálogo com os pais favoráveis a Bolsonaro porque alguém pode ser processado a qualquer momento", acrescenta.
Propaganda política
Miguel Nagib, fundador do Movimento Escolar sem Partido em 2004, ficou indignado com o fato de um professor de sua filha ter comparado Che Guevara com São Francisco de Assis.
"Tudo o que defendemos já está consagrado nas leis vigentes em nosso país. Respeitamos plenamente a liberdade de educação, sabendo que isso não inclui liberdade para o professor fazer propaganda política", diz o advogado de 58 anos.
"Não tem mordaça nenhuma porque o projeto respeita integralmente a liberdade de ensino do professor. O professor não tem liberdade de fazer propaganda política partidária em sala de aula", diz ainda.
"Se um professor fala sobre 'lei da mordaça', ele admite publicamente que se sente amordaçado porque não consegue fazer propaganda", acrescenta.
Apresentado na Câmara dos Deputados em 2014, o projeto de lei está bloqueado em uma comissão parlamentar desde 2016. A votação foi adiada várias vezes devido a debates acalorados, com insultos de ambos os lados.
Mas a eleição de Bolsonaro pode mudar a situação porque seu partido político conseguiu uma bancada sólida nas eleições legislativas. Em seu programa oficial de governo, ele defende o ensino "sem doutrinação ou sexualização precoce".
Medo de denúncia
Na noite da vitória do candidato de direita, um membro do seu partido provocou polêmica pedindo aos estudantes do Facebook que filmassem suas aulas, sob o pretexto de que "muitos professores doutrinadores vão se rebelar e ficar bravos" com o resultado da eleição.
A Procuradoria iniciou uma investigação por incitação ao "assédio moral" e à "violação da liberdade de educação", mas Bolsonaro saiu para defender a proposta.
"Eu não vejo nenhum problema, acho que uma professora deve ficar orgulhosa se um aluno perguntar: posso filmar sua aula para ver em casa? Eles devem se orgulhar disso e não se preocupar ", declarou em uma entrevista.
"Bolsonaro defende uma escola amordaçada, que não aborda questões sociais importantes para a população. Falamos de uma escola sem partido, mas ela se torna uma escola dirigida por um partido conservador", denuncia Heleno Araujo, presidente da União Nacional dos Professores (CNTE).
Da mesma forma, pensa Salvatore Pietro, que ensina sociologia em uma universidade em Duque de Caxias, um município da Baixada fluminense. "Temos que pesar cada palavra, tudo com conotações progressistas é considerado de esquerda, ideológico, estamos na defensiva, temo que me denunciem", afirma.
"Bolsonaro, simbolicamente, representa a reafirmação desse ponto de vista mais tradicional. A intolerância está reafirmada, não por uma medida administrativa, ou politica, mais muito mais pelo discurso dele", conclui.

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