SÃO PAULO, SP, 2 de novembro (Folhapress) - A presidente Dilma Rousseff decidiu dar um "refresco" para a Petrobras na disputa pelo reajuste dos preços dos combustíveis, mas também não vai dar tudo que a estatal gostaria de ter.
A Petrobras terá mais liberdade para definir os reajustes, mas eles não poderão comprometer o combate à inflação. Principalmente no próximo ano, quando Dilma tentará a reeleição.
Segundo um assessor presidencial, Dilma avalia que a Petrobras deu sua contribuição nos últimos anos, aceitando um aumento menor da gasolina e do diesel, mas agora concorda que ela precisa de mais "previsibilidade".
Daí sua decisão de autorizar a criação de mecanismo que defina reajustes automáticos dos dois combustíveis, que vem sendo estudado há quatro meses.
Falta a definição do modelo, que gerou atritos entre o ministro Guido Mantega (Fazenda) e a presidente da Petrobras, Graça Foster.
A estatal queria que ele fosse aprovado na última reunião do conselho de administração, no dia 25 de outubro. Mantega, porém, discordou por não estar totalmente convencido de que a fórmula apresentada era a melhor.
Ele solicitou novas simulações, que serão apresentadas na reunião do conselho agendada para 22 de novembro. Na semana passada, o ministro chegou a dizer que o tema não poderia ser definido de "afogadilho" e avisou que não havia data definida para um novo reajuste.
Dilma teria concordado com reajustes duas ou três vezes ao ano, segundo reportagem de ontem de "O Estado de S. Paulo".
Em fato relevante, a estatal havia informado que a "metodologia contempla reajuste automático do preço do diesel e da gasolina em periodicidade a ser definida antes de sua implantação, baseado em variáveis como o preço de referência desses derivados no mercado internacional, taxa de câmbio e ponderação associada à origem do derivado vendido, se refinado no Brasil ou importado".
O documento destacou ainda que "também está previsto mecanismo que impede o repasse da volatilidade dos preços internacionais".
A expectativa é que o governo conceda ainda neste ano um reajuste nos preços da gasolina e do diesel, dentro ou não da nova metodologia. No caso da gasolina, o aumento pode ficar na casa de 6%.