NICARÁGUA
Postado por Jeozivaldo Cesar
O corpo da vítima será enterrado por seu marido na distante comunidade caribenha Castillo de Casa Alta
A Polícia escoltou o caixão que deixou Manágua, nesta quarta
Reprodução Canal 4 Nicarágua
AFP
A nicaraguense Vilma Trujillo, de 25, morta em um ritual de exorcismo em uma comunidade do Caribe, será enterrada longe de sua aldeia, devido às ameaças que sua família estaria recebendo de fanáticos religiosos - informou a representante de uma ONG nesta quarta-feira (1º).
O corpo da vítima será enterrado por seu marido Reynaldo Peralta na distante comunidade caribenha Castillo de Casa Alta, disse à AFP a defensora dos direitos humanos, Herenia Amaya.
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A Polícia escoltou o caixão que deixou Manágua, nesta quarta, já que "o marido estava com medo", relatou Amaya.
"Se chegar aqui, matamos você", foi uma das mensagens que Peralta contou ter recebido da família e de seguidores do pastor Juan Rocha, que dirigiu o ritual e está detido, relatou Amaya.
Amarrada e jogada em uma fogueira durante um ritual religioso para purificar sua alma "endemoninhada", Vilma não resistiu às graves queimaduras no corpo e faleceu no hospital na terça-feira (28), segundo uma fonte oficial.
Mãe de dois filhos, a vítima morreu no hospital Lenín Fonseca da capital, depois de passar vários dias internada em estado grave, afirmou a vice-presidente e porta-voz do governo, Rosario Murillo.
A mulher "foi queimada em 22 de fevereiro por membros de sua comunidade, alegando estar possuída", disse a vice-presidente à imprensa oficial, classificando o ato como "lamentável e condenável".
A tragédia aconteceu na remota comunidade El Cortezal, na região do Caribe Norte da Nicarágua.
Segundo relatos de familiares e grupos feministas aos jornais locais, Vilma foi retida e submetida a um ritual por Juan Rocha, que se fazia passar por pastor da Igreja da Assembleia de Deus.
"É uma ordem de Deus queimar o corpo da vítima para sanar o espírito maligno que está dentro dela", teria dito o pastor, durante o ritual, segundo o Nuevo Diario.
O presidente da Assembleia de Deus, Rafael Arista, negou ao Canal 15 de Manágua que Rocha fosse membro de sua congregação e rejeitou qualquer vínculo com o crime.
"Minha mulher não estava endemoniada. O que fizeram nela foi uma bruxaria", disse o marido da vítima ao jornal La Prensa.