BRASÍLIA - A operação que levou, nesta terça-feira, 19, à captura do ex-médico Roger Abdelmassih em Assunção, no Paraguai, teve roteiro parecido com o que resultou na prisão de Henrique Pizzolato, foragido do mensalão, no ano passado, na Itália.
Veja também:
Em uma ação combinada entre os dois países, os policiais paraguaios abordaram o ex-médico às 13h30, quando ele saía de um estabelecimento comercial, como se fosse uma simples conferência de documentos de uma pessoa que estava passando pela rua.
Na prática, já se sabia que ele não tinha o registro de entrada no país, o que provocaria sua expulsão para o Brasil, onde era considerado foragido. O mesmo ocorreu com Pizzolato, na Itália, que foi atraído pelos policiais locais para fora de casa, admitindo ter entrado no país com documentos falsos, provocando um processo de extradição.
Polícia Federal fez projeção com uma série de disfarces que o ex-médico poderia usar durante a sua fuga, que começou em janeiro de 2011
O grupo que encontrou Pizzolato é o mesmo da Polícia Federal que chegou ao ex-médico: o Grupo Especial de Capturas. Cerca de dez policiais brasileiros participaram da operação. Desde segunda-feira, eles estavam no país, após uma escuta telefônica da Polícia Civil de São Paulo indicar a possível localização do ex-médico.
Abdelmassih, conforme um delegado que participou da operação afirmou ao Estado, confessou aos policiais paraguaios logo de início que não tinha feito imigração para ingressar no Paraguai, assim como não se identificou com o nome verdadeiro. Após ser detido, o ex-médico chorou algumas vezes, pediu para ser solto e para falar com a mulher, o que foi permitido. A mulher dele o aguardava no carro, no momento da abordagem policial. Para os investigadores, ele ficou sem reação ao ser abordado e acabou confessando a entrada ilegal no país.
Carros de luxo. O ex-médico vivia em uma casa confortável, com empregada e babá e mantinha dois carros de luxo. O Estado apurou que todos os bens estavam em nome de terceiros, que serão investigados agora pela polícia por ocultação de bens.
Segundo investigadores, o ex-médico se escondeu no Paraguai desde que fugiu do Brasil, após ser condenado pelo estupro de dezenas de mulheres. A investigação não encontrou evidências de que ele tenha passado pela Europa, conforme chegou a se especular.
O ex-médico não usava disfarce, apenas tirou o bigode e estava sempre de dia com um boné, o que os policiais entenderam ser apenas para se proteger do sol. À noite, ele saía de casa sem o acessório.