sexta-feira, 29 de janeiro de 2021

A POESIA E SEUS ENCANTOS

 

Postado por Jeozivaldo cesar

A poesia e seus encantos


Negreiros Neto: ESTRADAS PARALELAS Nasci com o destino...

ESTRADAS PARALELAS


Nasci com o destino
Pronto e traçado.
Menino tonto e santo
Esperto e safado.

Cresci, não houve jeito.
Hoje, homem feito.
Trago essa sina comigo
Cravada dentro peito.

Amei, namorei e casei.
Num bom sujeito me transformei
Certo que tudo tinha passado
E meu destino sacramentado

Apareceu alguém que desde sempre
Paralelamente, caminhava ao meu lado.
Nossos rumos pelo destino foi traçado
Bem traçado!

Mesmo em estradas paralelas
O encontro estava predestinado.
As regras da matemática ficaram no passado
E nesse ponto ficamos juntos, deixamos de ficar lado a lado.

Minha filha e mulher me perdoem
Pai e mãe me abençoem
Se existe um culpado
Foi o destino que pelos caminhos é o responsável

Hesitei, tentei, busquei
Todas as formas do imaginário
Juntei todas as forças
Para sair desse traçado

Fui ao extremo
Mas o músculo fadigou
Corri em tangente
Mas a perna travou

Agora lançado à sorte
Se é pra vida ou pra morte
Apostar eu vou
Ah! Eu vou.





Negreiros Neto: NAVE NEGREIROS Alves! Belo é teu poema...

NAVE NEGREIROS

Alves! Belo é teu poema
Mostrasse de forma plena
Os horrores e as tormentas
Vividas naquele lugar

As noites sangrentas
Os dias de terrores
Que tardavam a passar

Mas, há de haver controversas.
Nave que liberta?
Ou Navio pra escravizar?

Não eram animais selvagens
Que ali habitavam
Eram homens de pele negra
Que por ali passeavam

Os grilhões que hoje
Insisti em nos aprisionar
Reacende a chama
De um futuro melhor
Para aquele que virá

Rotas que levam mundo a fora:
América, Ásia, Europa.
Todo sofrimento que nos assola
Já teríamos vividos em outrora
A busca do novo é que nos consola

Nave Negreiros não tarda a chegar
Muitos morrem sem te encontrar

Por aquele que com o dom da sabedoria
O brio do Rei possa apagar
E por influência do curandeiro
Vão lhe sacrificar

Por aquele pensador ao crer
Em um único Deus supremo de paz e amor
Será condenado e morto
Por um Rei cruel e ditador

Por aquele jovem guerreiro
Que por ordem de um vil curandeiro
Vão lhe sacrificar
Para o Deus da Guerra, acalmar.

Nave Negreiros não tarda a chegar
Muitos morrem sem te encontrar

Por aquelas belas meninas
Que por inveja da rainha
Aos Deus da Primavera
Vão lhes ofertar

Por aquele valente guerreiro
Que por expressar seus sentimentos e desejos
Vão lhe aprisionar por questionar
E ao pô do sol, executar.

Por aquelas mulheres magras e feias
De pobres tetas
Que Reis e Guerreiros rejeitam
Vão morrer de trabalhar

Nave Negreiros não tarda a chegar
Muitos morrem sem te encontrar

Para aqueles pobres e desagregados negros:
Nave Negreiros
Para aqueles ricos e chefe guerreiros:
Navio Negreiros

Por mais que padeça
Nessa dolorosa jornada
Sair a busco de algo
É melhor que permanecer sem nada

O chicote que mim açoita
Não arde mais que minha esperança
A sede que me mata
Jorra água na minha perseverança

Nave Negreiros não tarda a chegar
Muitos morrem sem te encontrar

Vislumbro delírios
Em uma nova aurora
Nave que tanto sonhos decolam
Na busca de algo que não se sabe agora.

Nave Negreiros
Nave náutica de viés econômico
Agora transportas sonhos
Desses descartáveis escravos
Riquezas de muitos

Instrumentos ideológicos do desenvolvimento
Justificativas de transações sociais
Para atender necessidades
Humanas e comerciais

Nave Negreiros não tarda a chegar
Muitos morrem sem te encontrar

Fora da ordem genealógica
Sem clãs e linhagens
Para sempre servo e escravo
De uma obscura barbárie desumana

Negros e Negros
Travam-se uma batalha
Na busca de uma perdida
Identidade Africana

Panteão dos Deuses
Protegeis esses pobres negros
Da vil ganancia
Do poder e do dinheiro

Nave Negreiros não tarda a chegar
Muitos morrem sem te encontrar

Ala central do teu porão negro
Neste transepto cruzeiro
Nave, Nave, Nave ...
Nave Negreiros

Não tarda a chegar.


CRUZ DE ESPINHOS

Certo das incertezas desta vida, onde todas as certezas são esquecidas, vivemos numa peleja que não finda.

Acho que buscamos acácias ao invés de macambira, somos quem somos e nada vai mudar essa vida.

Quanto mais sonhamos em oásis, esquecemos da Caatinga, temos que aprender a carregar a cruz de espinhos imposta nesta vida.

Já nascemos com essa sina, que nos ensina o poeta em Morte e Vida Severina.

Não vamos passar pra nossos filhos, um estigma de sofrimento desde nascença. Fomos plantados aqui pelas mãos divinas.

Viveremos serenos e felizes sem mágoas ou lamentos, somos parte desta terra, como qualquer outro ser vivente, aqui o criador nos designou pra nascer e morrer.

Essa é nossa identidade e DNA, não precisamos aprender a viver, pois a vivência já está no sangue em que o espinho da cruz vem nos penetrar.

Somos fortes e valentes como qualquer um de outro lugar, cada um com sua cruz pra carregar, a nossa foi de Mandacaru e seus espinhos nosso Deus nos ensina a suportar.


Postagem em destaque

Jovem é preso em flagrante por matar padrasto a facadas e decepar as mãos da vítima Segundo a Polícia Civil, rapaz de 18 anos afirmou em depoimento que cometeu o crime porque o padrasto tinha agredido a mãe dele.

  Postado por Oge Por g1 PE 29/02/2024 19h04    Atualizado  há 16 horas Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) de Pernambuco — F...