segunda-feira, 18 de novembro de 2013

Cirurgia bariátrica pode ser a solução? Nem todos podem fazer a operação, que só é indicada para pessoas com obesidade mórbida


  Priscilla Costa, especial para a Folha
Arthur Mota/Folha de Pernambuco

Marcos Andrey optou pela caminhada em vez da cirurgia
Para quem sofre com o excesso de peso e já tentou todas as alternativas possíveis, como reeducação alimentar, atividade física e até mesmo medicamentos, a cirurgia bariátrica, popularmente conhecida como redução de estômago, acaba sendo uma boa opção contra a obesidade. Porém, engana-se quem acha que basta ser gordinho para realizar a operação. “Elas são indicadas apenas para obesos mórbidos, com IMC (Ìndice de Massa Corpórea) acima de 40 ou acima de 35 para pessoas que têm diabetes e pressão alta. Operar é o último recurso e por isso a gente pressiona o paciente a andar na linha quando decidimos realizar a cirurgia”, esclarece o cirurgião bariátrico Walter França, que possui cerca de três mil cirurgias no currículo.
De acordo com dados do Ministério da Saúde, cerca de 51% da população brasileira é vítima da obesidade e do sobrepeso. “Só no Brasil, no ano passado, 70mil pessoas já realizaram a cirurgia”, frisa o vicepresidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica (SBCBM), Josemberg Marins Campos, que detalha: “Onúmero de obesos aumenta no mundo a cada dia e a cirurgia bariátrica vem se tornando um importante aliado no tratamento de pacientes com obesidade, mas só a partir do grau três”, alertou o profissional.
Ainda de acordo com Walter França, na maioria dos casos, coma cirurgia bariátrica, além de perder grande quantidade de peso, o paciente temos benefícios damelhora, oumesmo cura, do seu diabetes, controle da pressão arterial, dos lipídeos sanguíneos, dos níveis de ácido úrico e alívio das dores articulares. Ele também explica que, antes de se submeter à operação, além de meditar sobre as mudanças desejadas, os pacientes devem passar por exames pré-operatórios fundamentais. Os testes consistem em avaliações nutricionais, cardiológicas e endocrinológicas. “Um deles é o exame psicológico, na qual os médicos avaliame preparamo obeso para o procedimento”, observa omédico. Ao todo, os pacientes precisamesperar de dois a seis meses até que todos os requisitos sejam concluídos. Somente depois disso a cirurgia pode ser autorizada.
A psicóloga clínica Ana Laura Sá de Andrade, que atua no acompanhamento de pacientes bariátricos, salienta que a consulta psicológica não é uma maneira de dar dicas sobre como ser magro. “A avaliação pretende fazer com que o paciente reflita sobre sua relação com a comida, a maneira como ele escolhe os alimentos, as sensações e sentimentos atribuídos ao ato de comer, os motivos que o leva ao descontrole, além de fazê-lo pensar sobre a maneira particular de ser obeso e o que uma intervenção cirúrgica poderá produzir diante disso”, esclarece.
Quem faz a cirurgia bariátrica geralmente perde peso muito rápido, alémde não sentir tanta fome. Segundo o cirurgião, “isso acontece porque a produção da agrelina (hormônio do apetite) cai muito, o que faz com que haja uma inibição no apetite. Além disso, após a cirurgia, 30% do estômago é reduzido, ou seja, por ficar menor, acontece a sensação de empachamento, por mais que se coma muito pouco”, detalha.
Mas, ao contrário do que muitos pensam, a cirurgia bariátrica não é uma solução milagrosa e só traz bons resultados se o paciente mudar os hábitos de vida, como explicou o cirurgião França. “É preciso haver uma consciência do paciente que ele vai precisar mudar hábitos. Aprender a se alimentar corretamente, sem excessos e colocar a atividade física na sua rotina”, concluiu.

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