Caminhos que não levam à escola
Flagra: ônibus escolar usado para transporte de pacientes |
Os ônibus que
deveriam conduzir à escola levam ao hospital. Nas poltronas, no lugar
das crianças, pessoas doentes. Municípios do interior do Estado estão
descumprindo o acordo firmado com o Fundo Nacional de Desenvolvimento
da Educação (FNDE) e, ao invés de facilitar o percurso dos alunos às
áreas de difícil acesso, os coletivos do Programa Caminho da Escola
trazem ao Recife pacientes para consultas médicas. Em dois dias, foram
flagrados 12 veículos, de dez cidades diferentes, nas portas dos
principais hospitais públicos da capital.
Logo cedo, por volta das 5h, tem início a saga pelos hospitais. Os ônibus amarelos, com faixa preta e letras garrafais com a palavra "Escolar", são vistos por vários pontos da cidade. Percorrem Santo Amaro para deixar pessoas no Hospital do Câncer e na Santa Casa de Misericórdia. Cruzam a Avenida Caxangá até o Getúlio Vargas. A Praça Miguel de Cervantes, na Ilha do Leite, Centro do Recife, transforma-se em estacionamento dos coletivos, enquanto os pacientes aguardam o atendimento no Instituto de Medicina Integral (Imip).
Semana passada
foram vistos veículos de Jataúba, Tamandaré, Água Preta, São Joaquim do
Monte, Nazaré da Mata e Iati deixando pacientes no Imip. Embaixo do
viaduto próximo ao Shopping Tacaruna havia um coletivo de Joaquim
Nabuco. O motorista dormia no veículo e explicou que o ônibus escolar
foi usado porque os carros do Tratamento Fora do Domicílio (TFD)
estavam em manutenção. "São oito ônibus (do Caminho da Escola) e apenas
um deles está sendo destinado aos pacientes", justifica. O prefeito da
cidade, João Nascimento de Carvalho, foi procurado pela reportagem, mas
informou não saber do caso. Ele disse que buscaria informações, mas não
retornou nem atendeu as ligações. Postura semelhante foi adotada pelo
prefeito de Jataúba, Antônio Cordeiro. "Não tenho nenhum conhecimento
sobre isso", declarou Cordeiro.
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