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Um
relatório da ONU afirma que o Brasil deixa de acrescentar US$ 3,5
bilhões (mais de R$ 7 bilhões) à sua riqueza nacional por ano devido à
gravidez de milhares de adolescentes.
O
documento "O Estado da População Mundial 2013", do Fundo de População
das Nações Unidas (UNFPA), divulgado nesta quarta-feira, analisa a
situação de jovens que dão à luz.
A
cada ano, 7,3 milhões de meninas com menos de 18 anos têm filhos em
países em desenvolvimento. Destas, 2 milhões têm menos de 14 anos. O
texto enfatiza os problemas que isso causa na vida das jovens, com
consequências na sua saúde, educação e direitos humanos.
"Em
geral, a sociedade culpa as meninas por engravidarem", diz o
diretor-executivo da UNFPA, Babatunde Osotimehin. "A realidade é que a
gravidez adolescente costuma ser não o resultado de uma escolha
deliberada, mas sem a ausência de escolhas, bem como circunstâncias que
estão fora do controle da menina. É consequência de pouco ou nenhum
acesso a escola, emprego, informação e saúde."
O relatório também fala que as economias nacionais sofrem com as consequências da gravidez considerada precoce.
Riquezas não geradas
Citando
um estudo feito em 2011 para o Banco Mundial pelos pesquisadores Jad
Chaaban e Wendy Cunningham, o UNFPA tenta estimar quanta riqueza países
como Quênia, Índia e Brasil deixam de acrescentar às suas economias,
dado que as meninas que ficaram grávidas poderiam estar trabalhando e
gerando renda.
"O Brasil teria maior
produtividade – de mais de US$ 3,5 bilhões – caso meninas adolescentes
retardassem sua gravidez até os 20 e poucos anos", diz o documento.
No
caso da Índia, esse "ganho" seria de até US$ 7,7 bilhões. No Quênia, a
receita "não gerada" é equivalente a todos os ganhos da indústria da
construção civil. E, em Uganda, equivale a um terço do PIB do país.
O
relatório também afirma que muitas meninas ficam grávidas quando estão
no ensino secundário, e acabam abandonando a escola. Isso faz com que o
investimento feito pelos países na sua educação primária acabe sendo
desperdiçado, já que elas não dão sequência aos seus estudos.
O
estudo do Banco Mundial ressalta que, além dos custos econômicos, há
também problemas sociais: filhos de mães precoces costumam ter
desempenho escolar mais baixo.
O relatório faz ainda algumas considerações sobre os programas de natalidade do Brasil.
"O
Brasil é um dos países que avançou para aumentar o acesso a meninas
grávidas a tratamentos pré-natal, natal e pós-natal", diz o UNFPA,
citando o Instituto de Perinatologia da Bahia (Iperba) como um "centro
de referência para gravidez de alto risco na Bahia".
O Iperba tem tratamento especializado para mães adolescentes, que representam 23% do total de suas pacientes.
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