Sorteio das Eliminatórias marca a abertura do Mundial-14. População aproveita para criticar o excesso de dinheiro público
Cariocas se reuniram na região da Marina Glória para pedir a renúncia do presidente da CBF e do COL Ricardo Teixeira
Rio de Janeiro - A mais cara cerimônia de sorteio já realizada para definir as Eliminatórias deu ontem a largada à Copa 2014. E apresentou ao mundo um Brasil e uma preparação de contrastes. Certezas e desconfiança. Festa e protestos. Bajulação e saia-justa. E cobranças.
Com manifestantes do lado de fora, a cúpula o futebol mundial e da política nacional, encabeçada pela presidente Dilma Rousseff, esteve ontem na Marina da Glória, no Rio, onde 166 seleções conheceram o caminho que percorrerão para chegar ao Mundial.
Mas nem todo o dinheiro investido evitou sustos. Como as estruturas foram feitas em tendas provisórias, elas sofreram o impacto do vendaval que atingiu o Rio. Barras de ferro se soltaram, placas voaram e funcionários tiveram de fazer reparos às pressas. O barulho sob as lonas causou apreensão, inclusive durante o discurso de abertura de presidente da Fifa, Joseph Blatter.
Cerca de duas mil pessoas presentes viram o governador do Rio, Sérgio Cabral, e o prefeito da cidade, Eduardo Paes, comemorarem o evento bancado por eles com verba pública: R$ 30 milhões.
Suspeito de corrupção na entidade, Blatter teve de encarar vários questionamentos. E se incomodou com a troca do foco da festa. Mesmo assim se comportou melhor do que o presidente da CBF, do Comitê Organizador Local (COL) e aspirante a seu sucessor, Ricardo Teixeira. O cartola não deu entrevistas, discutiu com um repórter inglês e afoi alvo de protesto.
“Queremos mais transparência. Defendemos os moradores que serão removidos por causa das obras, os comerciantes informais e até o dos torcedores que perderam a tradicional forma carioca de torcer com a reforma do Maracanã, onde estão gastando milhões [a obra conduzida pelo governo do Rio pode passar de R$ 1 bilhão]”, explicou um dos responsáveis pelo movimento, Hertz Leal, encabeçado pela Frente Nacional dos Torcedores. Pacífica, bem-humorada, com cartazes onde estava escrito “Fora Ricardo Teixeira”, a passeata guiada por um carro de som, contou com cerca de 700 pessoas de acordo com a Polícia Militar.
Na entrada da Marina da Glória, um texto sobre o protesto foi distribuído a todos os jornalistas estrangeiros. Alvo de vários mimos preparados pela organização – como jantares exclusivos, pedacinhos do Maracanã e a famosa caipirinha –, eles deixarão o país também com muitas dúvidas. A mais recente, a intervenção do Ministério Público e a possibilidade de interdição nas obras do Maracanã, palco da abertura em 12 de junho de 2014, e do qual eles levarão um pequeno entulho na mala. Nada que abale o otimismo presidencial: “Será um Mundial inesquecível”, fechou a presidente Dilma Rousseff. É esperar para ver.
A jornalista viajou a convite do Itaú, patrocinador da Copa do Mundo de 2014.
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