Cartuchos e toners de impressão estão entre produtos mais pirateados na América Latina
Nove entre 10 consumidores que compram cartuchos pirateados não sabem o que levam para casa
Pirataria de cartuchos e toners de impressora. Um problema que poucas pessoas têm consciência existir, mas que se tornou uma forte preocupação na indústria, com a adoção de medidas para combater a falsificação dos produtos - um crime que atinge desde consumidores residenciais até empresas e mesmo governos, com prejuízos avaliados em milhões de reais apenas no Brasil.
Os suprimentos de impressão aparecem na lista dos produtos mais falsificados na América Latina, segundo a consultoria Select, especialista em análises do mercado de tecnologia da informação e comunicação (TIC). Os dados, apresentados durante a Cúpula de Antipirataria promovida em Puebla, no México, pela Hewlett-Packard (HP) - uma das maiores fabricantes do setor -, revelam algo preocupante: pelo menos 7% dos cartuchos e toners que circulam pelo continente são pirateados e 9 entre 10 consumidores que compram os produtos falsos não sabem que não se tratam de originais.
Em um contexto macroeconômico de crescimento baixo ou negativo - como é o caso da Argentina e do Brasil - e de avanço do dólar nos mercados latinoamericanos, os produtos e serviços ligados aos TIC encarecem. Segundo o analista Saúl Cruz, da Select, os dois países - assim como muitos outros na América Latina - aparecem em um índice elaborado pela United States Trade Representative (USTR), que identifica barreiras ao comércio devido a leis de propriedade intelectual e patentes. “O Brasil está na lista de observação, junto com países como Líbano, México e Grécia. Ou seja, são países em que se observa um alto nível de pirataria. Uma outra lista, considerada prioritária, ainda inclui locais como China, Argentina e Rússia”. É justamente nesse meio em que se desenvolvem os esquemas de falsificação de suprimentos de impressão, já que os produtos piratas tendem a ser um pouco mais baratos do que os originais - mas sem ter a mesma qualidade e causar problemas para o usuário.
A problemática começa por descobrir quais produtos são falsificados. Segundo a HP, as reproduções podem conter erros ortográficos, problemas na caixa ou mesmo ausência de dispositivos de segurança, como um selo presente no pacote - sinais claros de que o cartucho ou toner não é original. Não se tratam dos cartuchos e toners remanufaturados, mas sim de suprimentos que se passam por originais, inclusive com preço pouco abaixo dos genuínos. A ação é realizada por grupos de crime organizado, que introduzem os produtos falsos na cadeia de distribuição para ser mais difícil detectar as falsificações. E é justamente em alguns desses grandes esquemas que o nível de sofisticação pirata chega a surpreender. "Encontramos sites na internet que vendem até mesmo selos de segurança falsos", diz o gerente de desenvolvimento comercial da HP na América Latina, Ricardo Roca.
Foi para combater esse tipo de crime que a HP criou um programa antipirataria dentro da empresa no Brasil, responsável por investigar suspeitas e denúncias em torno dos suprimentos - e que deu tão certo a ponto de ser expandido para outros países das Américas, assim como na Europa e Ásia. No caso do País, as ações contra a pirataria encontraram e combateram esquemas consideráveis em cidades como Maringá, no Paraná, e a capital de São Paulo. “Tivemos apreensões e investigações em outros lugares também, como no Rio de Janeiro, no Recife e na Região Norte. Mas, no ano passado, houve uma operação em um local de Maringá onde havia muitos produtos falsificados já prontos, além de outros em produção e até mesmo as máquinas para produzir caixas e encher cartuchos e toners. A quantidade era enorme, estimada em cerca de 16 milhões de dólares”, informa diretor de conta do Programa Antipirataria da HP, Andrés Delgado. “O volume recolhido foi tão grande que mudou a meta e nossa percepção sobre a pirataria no Brasil. É possível encontrar as falsificações em várias cidades, ao contrário do que ocorre, por exemplo, na Colômbia, onde as investigações se concentram mais em Bogotá, talvez Cáli e Medellín”, afirma Roca.
A grande questão relacionada à pirataria de consumíveis de impressão é que todos são vítimas do crime. No caso do consumidor residencial e corporativo que compra um produto falsificado, a baixa qualidade do material pode danificar a impressora e causar a perda a garantia do equipamento. A situação é ainda mais delicada para clientes governamentais - que compram em grandes quantidades, sendo muito mais difícil verificar a autenticidade da originalidade dos cartuchos e toners. É por isso que a HP realiza uma espécie de monitoramento das licitações públicas, para identificar casos em que os fornecedores não são confiáveis e, assim, entrar em contato com o ente governamental para prevenir sobre a possível compra. Segundo a HP, o programa realizou 72 investigações em 18 países, sendo confiscados 5,7 milhões de dólares apenas em 2015.
Ainda de acordo com a HP, mais de 40 mil licitações foram monitoradas - sendo tido feito contato com 833 entidades públicas e realizadas 47 inspeções, com 58 outras ainda pendentes. Foram detectados casos de pirataria em 28 das inspeções realizadas, ou seja, cerca de 60% do total.
Como identificar
Selo de segurança é uma das armas contra pirataria
Antes de qualquer coisa, é preciso ficar atento a sinais mais óbvios de falsificação - como a qualidade da caixa, que deve estar bem conservada e sem erros de impressão ou ortográficos. Desconfiar de preços muito abaixo do mercado também é uma medida simples para evitar aborrecimentos - é aquela velha máxima de “o barato pode sair caro”.
Durante a cúpula promovida pela HP, a empresa apresentou seu novo selo de segurança - que chega, agora, à geração 5.5 -, onde foram incluídos ícones de tinta e de toner, com a forma de cada uma das etiquetas diferente - mas a versão anterior, sem esses ícones, ainda pode ser encontrada no mercado. Para checar se o produto é original, verifique a etiqueta de segurança na caixa e cheque se, à medida que você a movimenta para cima e para baixo - os símbolos "OK" e "√" devem se mover em direções opostas. Quando a inclinação é horizontal, os dois símbolos se movem na mesma direção. Você pode ver um exemplo de como funciona por meio de um hotsite da empresa.
No selo, há ainda um QR Code e um número - por meio do site da HP ou um aplicativo específico, é possível verificar se o suprimento é original ao digitar a sequência numérica. Para reportar produtos falsos, o consumidor pode entrar em contato também por meio do site com o máximo de detalhes possível.
*O repórter viajou a Puebla, no México, a convite da HP.
Os suprimentos de impressão aparecem na lista dos produtos mais falsificados na América Latina, segundo a consultoria Select, especialista em análises do mercado de tecnologia da informação e comunicação (TIC). Os dados, apresentados durante a Cúpula de Antipirataria promovida em Puebla, no México, pela Hewlett-Packard (HP) - uma das maiores fabricantes do setor -, revelam algo preocupante: pelo menos 7% dos cartuchos e toners que circulam pelo continente são pirateados e 9 entre 10 consumidores que compram os produtos falsos não sabem que não se tratam de originais.
Em um contexto macroeconômico de crescimento baixo ou negativo - como é o caso da Argentina e do Brasil - e de avanço do dólar nos mercados latinoamericanos, os produtos e serviços ligados aos TIC encarecem. Segundo o analista Saúl Cruz, da Select, os dois países - assim como muitos outros na América Latina - aparecem em um índice elaborado pela United States Trade Representative (USTR), que identifica barreiras ao comércio devido a leis de propriedade intelectual e patentes. “O Brasil está na lista de observação, junto com países como Líbano, México e Grécia. Ou seja, são países em que se observa um alto nível de pirataria. Uma outra lista, considerada prioritária, ainda inclui locais como China, Argentina e Rússia”. É justamente nesse meio em que se desenvolvem os esquemas de falsificação de suprimentos de impressão, já que os produtos piratas tendem a ser um pouco mais baratos do que os originais - mas sem ter a mesma qualidade e causar problemas para o usuário.
Reprodução/HP
Gráfico mostra de maneira simplificada como funcionam os esquemas criminosos e denúncias
Foi para combater esse tipo de crime que a HP criou um programa antipirataria dentro da empresa no Brasil, responsável por investigar suspeitas e denúncias em torno dos suprimentos - e que deu tão certo a ponto de ser expandido para outros países das Américas, assim como na Europa e Ásia. No caso do País, as ações contra a pirataria encontraram e combateram esquemas consideráveis em cidades como Maringá, no Paraná, e a capital de São Paulo. “Tivemos apreensões e investigações em outros lugares também, como no Rio de Janeiro, no Recife e na Região Norte. Mas, no ano passado, houve uma operação em um local de Maringá onde havia muitos produtos falsificados já prontos, além de outros em produção e até mesmo as máquinas para produzir caixas e encher cartuchos e toners. A quantidade era enorme, estimada em cerca de 16 milhões de dólares”, informa diretor de conta do Programa Antipirataria da HP, Andrés Delgado. “O volume recolhido foi tão grande que mudou a meta e nossa percepção sobre a pirataria no Brasil. É possível encontrar as falsificações em várias cidades, ao contrário do que ocorre, por exemplo, na Colômbia, onde as investigações se concentram mais em Bogotá, talvez Cáli e Medellín”, afirma Roca.
A grande questão relacionada à pirataria de consumíveis de impressão é que todos são vítimas do crime. No caso do consumidor residencial e corporativo que compra um produto falsificado, a baixa qualidade do material pode danificar a impressora e causar a perda a garantia do equipamento. A situação é ainda mais delicada para clientes governamentais - que compram em grandes quantidades, sendo muito mais difícil verificar a autenticidade da originalidade dos cartuchos e toners. É por isso que a HP realiza uma espécie de monitoramento das licitações públicas, para identificar casos em que os fornecedores não são confiáveis e, assim, entrar em contato com o ente governamental para prevenir sobre a possível compra. Segundo a HP, o programa realizou 72 investigações em 18 países, sendo confiscados 5,7 milhões de dólares apenas em 2015.
Ainda de acordo com a HP, mais de 40 mil licitações foram monitoradas - sendo tido feito contato com 833 entidades públicas e realizadas 47 inspeções, com 58 outras ainda pendentes. Foram detectados casos de pirataria em 28 das inspeções realizadas, ou seja, cerca de 60% do total.
Arthur Mota/Folha de Pernambuco
Durante a cúpula promovida pela HP, a empresa apresentou seu novo selo de segurança - que chega, agora, à geração 5.5 -, onde foram incluídos ícones de tinta e de toner, com a forma de cada uma das etiquetas diferente - mas a versão anterior, sem esses ícones, ainda pode ser encontrada no mercado. Para checar se o produto é original, verifique a etiqueta de segurança na caixa e cheque se, à medida que você a movimenta para cima e para baixo - os símbolos "OK" e "√" devem se mover em direções opostas. Quando a inclinação é horizontal, os dois símbolos se movem na mesma direção. Você pode ver um exemplo de como funciona por meio de um hotsite da empresa.
No selo, há ainda um QR Code e um número - por meio do site da HP ou um aplicativo específico, é possível verificar se o suprimento é original ao digitar a sequência numérica. Para reportar produtos falsos, o consumidor pode entrar em contato também por meio do site com o máximo de detalhes possível.
*O repórter viajou a Puebla, no México, a convite da HP.
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