Comissão de Direitos Humanos afirmou que a empresa tratou "corpo como algo descartável"
A Comissão de Direitos Humanos da Ordem de Advogados do Brasil (OAB) classificou como barbaridade a decisão da Supervia de autorizar a passagem de um trem sobre o corpo do vendedor ambulante Adílio Cabral dos Santos, 33, morto minutos antes por outra composição no Rio.
Em nota, a comissão disse que a empresa responsável por operar os trens no Rio tratou "o corpo (do vendedor) como algo descartável". Na última terça-feira (28), Santos morreu atropelado por um trem, em Madureira, Zona Norte do Rio. Seu corpo ficou entre os trilhos.
Em pleno horário de pico, a Supervia autorizou a passagem de um trem sobre o cadáver do vendedor para não atrasar a viagem dos passageiros. "Eu acho vergonhoso. Isso não se faz com ninguém, nem com animal. É um absurdo", diz Eunice Feliciano, 61, mãe do vendedor.
A ação foi filmada por passageiros que aguardavam o embarque na plataforma. Nas imagens, um homem de roupa laranja, uniforme usado pelos funcionários da empresa, acena para o maquinista seguir com a locomotiva sobre o corpo. O trem, então, avança com a velocidade reduzida. No áudio do vídeo, é possível escutar os passageiros indignados com a situação.
Em nota, a Supervia, cujo controle principal das ações é da Odebrecht, diz que autorizou a passagem devido ao horário de pico e por garantir que o trem não tinha altura para atingir a vítima. "Na linha interrompida havia 3 trens lotados (cerca de 6 mil passageiros, no total) impedidos de seguir viagem. A paralisação da linha criaria transtornos para toda a movimentação do horário, quando viajam cerca de 200 mil pessoas pelo sistema".
Ainda na nota, a empresa afirma que os bombeiros foram acionados imediatamente. No entanto, a corporação disse que o pedido para a remoção do cadáver só ocorreu às 19h15 -duas horas após o horário do acidente. Após a passagem desse trem, a Supervia resolveu paralisar o ramal e desviar o tráfego por outras linhas.
O corpo de Santos foi levado, então, para o Instituto Médico Legal (IML), e reconhecido um dia depois pela mãe. Moradora da favela da Serrinha, a aposentada estava morando com o filho há seis meses, desde que ele saiu da cadeia após cumprir pena de 3 meses por furto de celular.
Em depoimento à polícia, Eunice disse que o filho a ajudava em casa com a venda de doces, já que não conseguia emprego devido aos antecedentes criminais. Ainda não se sabe ao certo o motivo dele ter invadido os trilhos, mas acredita-se que para evitar uma possível fiscalização e apreensão dos doces ou para não pagar a passagem, de R$ 3,30.
A Polícia Civil ainda analisa o caso. Por enquanto, foi aberto um inquérito de homicídio culposo, quando não há intenção de matar, pelo atropelamento. A família e funcionários da Supervia estão sendo chamados para depor.
O secretário estadual de Transportes, Carlos Roberto Osório, condenou a ação da empresa e afirmou que abriu uma investigação interna para apurar o caso. O corpo de Santos foi enterrado nesta sexta-feira (31).
A Comissão de Direitos Humanos da Ordem de Advogados do Brasil (OAB) classificou como barbaridade a decisão da Supervia de autorizar a passagem de um trem sobre o corpo do vendedor ambulante Adílio Cabral dos Santos, 33, morto minutos antes por outra composição no Rio.
Em nota, a comissão disse que a empresa responsável por operar os trens no Rio tratou "o corpo (do vendedor) como algo descartável". Na última terça-feira (28), Santos morreu atropelado por um trem, em Madureira, Zona Norte do Rio. Seu corpo ficou entre os trilhos.
Em pleno horário de pico, a Supervia autorizou a passagem de um trem sobre o cadáver do vendedor para não atrasar a viagem dos passageiros. "Eu acho vergonhoso. Isso não se faz com ninguém, nem com animal. É um absurdo", diz Eunice Feliciano, 61, mãe do vendedor.
A ação foi filmada por passageiros que aguardavam o embarque na plataforma. Nas imagens, um homem de roupa laranja, uniforme usado pelos funcionários da empresa, acena para o maquinista seguir com a locomotiva sobre o corpo. O trem, então, avança com a velocidade reduzida. No áudio do vídeo, é possível escutar os passageiros indignados com a situação.
Em nota, a Supervia, cujo controle principal das ações é da Odebrecht, diz que autorizou a passagem devido ao horário de pico e por garantir que o trem não tinha altura para atingir a vítima. "Na linha interrompida havia 3 trens lotados (cerca de 6 mil passageiros, no total) impedidos de seguir viagem. A paralisação da linha criaria transtornos para toda a movimentação do horário, quando viajam cerca de 200 mil pessoas pelo sistema".
Ainda na nota, a empresa afirma que os bombeiros foram acionados imediatamente. No entanto, a corporação disse que o pedido para a remoção do cadáver só ocorreu às 19h15 -duas horas após o horário do acidente. Após a passagem desse trem, a Supervia resolveu paralisar o ramal e desviar o tráfego por outras linhas.
O corpo de Santos foi levado, então, para o Instituto Médico Legal (IML), e reconhecido um dia depois pela mãe. Moradora da favela da Serrinha, a aposentada estava morando com o filho há seis meses, desde que ele saiu da cadeia após cumprir pena de 3 meses por furto de celular.
Em depoimento à polícia, Eunice disse que o filho a ajudava em casa com a venda de doces, já que não conseguia emprego devido aos antecedentes criminais. Ainda não se sabe ao certo o motivo dele ter invadido os trilhos, mas acredita-se que para evitar uma possível fiscalização e apreensão dos doces ou para não pagar a passagem, de R$ 3,30.
A Polícia Civil ainda analisa o caso. Por enquanto, foi aberto um inquérito de homicídio culposo, quando não há intenção de matar, pelo atropelamento. A família e funcionários da Supervia estão sendo chamados para depor.
O secretário estadual de Transportes, Carlos Roberto Osório, condenou a ação da empresa e afirmou que abriu uma investigação interna para apurar o caso. O corpo de Santos foi enterrado nesta sexta-feira (31).
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