Três homens, incluindo um adolescente, foram detidos por populares por estarem praticando assaltos. Um deles apanhou e levou um tiro. Morreu na hora. Os outros, depois de serem espancados, foram amarrados pelas mãos e forçados a caminhar por cerca de 20 quilômetros, trajeto que terminou em Chã de Cruz, em Paudalho. Sadicamente, um vídeo registrou o percurso. Várias motos seguiram a dupla, buzinando. Em um tom de carreata. É possível ouvir algumas pessoas sugerindo matá-los. As imagens podem ser analisadas pela polícia para identificar os participantes da barbárie. Tudo começou no assentamento do INCRA, zona rural de Igarassu. Acusados de realizaram roubos no local, tornaram-se vítimas: Rosiel Sotero da Silva, 18 anos – que morreu -, Bruno da Silva de Oliveira, 20, e o jovem com 17 anos.
As investigações, no que diz respeito ao linchamento, ficarão sob a responsabilidade do delegado Francisco Océlio. Após tomar conhecimento da ocorrência, a Corregedoria Geral da Secretaria de Defesa Social iniciou diligências para investigar o caso. Contudo, nenhuma denúncia de participação de agentes de segurança no incidente foi registrada.
No início do mês, um homem de 29 anos foi linchado por moradores do Jardim São Cristóvão, em São Luís, no Maranhão. Ele teria tentado assaltar um bar, quando foi rendido, amarrado nu em um poste e agredido até a morte. Em São Paulo, há cinco anos, um homem suspeito de assassinar um adolescente foi linchado até a morte. Por engano. Em 2012, em Olinda, um homem foi espancado até a morte em Peixinhos, confundido com um suspeito de estupro. Nem novidade, nem pioneirismo. O caso de Paudalho é só o reflexo de uma sociedade doente.
“É o sintoma da ausência do Estado, quando a pessoa acha que não existe punição e decide fazer com as próprias mãos. A violência é tratada como coisa banal, as pessoas que cometem esse tipo de violência se sentem protegidos pela impunidade”, explicou o sociólogo Nadilson Silva.
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