sexta-feira, 17 de julho de 2015

Lei estadual cria o Dia do Transplantado e estimula prática da doação de órgãos

BARAO-DE-LUCENA51-300x225A pernambucana Ana Machado, de 52 anos, vive, há oito anos, a expectativa de receber uma ligação da central de transplantes. Ela tem doença renal policística e precisa de um transplante de rins para voltar a ter uma vida normal. Hoje, a aposentada faz hemodiálise três vezes por semana e enfrenta diversas restrições. “Por dia, só posso beber 500 ml de água e, por causa do inchaço no corpo, estou com dificuldades para andar. As pessoas precisam conhecer a rotina de quem aguarda por um órgão para entender a complexidade da situação”, comentou.
Em apoio à luta de Ana e de todos que aguardam na fila por um transplante, o presidente da Assembleia Legislativa, deputado Guilherme Uchoa (PDT), elaborou o projeto que originou a Lei 15.432. Publicada em dezembro de 2014, a norma institui o Dia Estadual do Transplantado e a Semana de Incentivo à Doação de Órgãos. A proposta é que o dia 9 de maio e a semana em que a data estiver inserida sejam utilizados para envolver a sociedade em torno do tema.
“Esperamos que o povo pernambucano entenda a importância da doação de órgãos. Um único doador pode salvar ou melhorar a vida de até 25 pessoas. Daí a necessidade de estimular a solidariedade para com milhares de pacientes à espera de um transplante”, avaliou o presidente da Casa Joaquim Nabuco.
Com relação aos procedimentos para a retirada dos órgãos que serão transplantados, existe um protocolo a ser seguido. Primeiro, é necessária a confirmação, por três médicos distintos, da morte encefálica do paciente, que também deverá ser comprovada por exames especializados. Depois disso, profissionais da Central de Notificação, Captação e Distribuição de Órgãos (CNCDO), instituição responsável pela regulação e processo de transplantes em todo o Estado, abordam os parentes do possível doador para obterem ou não a autorização.
A grande questão é que, hoje, em Pernambuco, quase 60% dos familiares ainda negam o procedimento, essencial para salvar a vida daqueles que, como Ana Machado, personagem desta matéria, aguardam por uma doação. De acordo com a coordenadora do CNCDO, Noemy Gomes, muito disso se deve ao desconhecimento, até mesmo dos profissionais de saúde. “Muitas pessoas não se sentem preparadas para decidir pela doação no momento do luto e, frequentemente, elas encontram profissionais que não ajudam a esclarecer as dúvidas”, comentou.
Por isso, para Noemy, iniciativas como a nova legislação elaborada pelo presidente da Alepe, Guilherme Uchoa, precisam ser comemoradas, pois colocam o assunto em destaque. “A definição do Dia do Transplantado atrai bastante a atenção dos meios de comunicação, que são fundamentais no processo de sensibilização das pessoas”, afirmou.
Trazer o tema ao debate pode ser útil também em outras frentes de trabalho. É o que acredita a coordenadora da Associação Pernambucana de Apoio aos Doentes de Fígado (Apaf), Maria Alice Maia. A entidade, surgida em 2002, oferece abrigo e alimentação a pacientes de toda a região Nordeste que, mesmo sem condições financeiras, precisam vir ao Recife para realizar a cirurgia. “A mobilização das pessoas é essencial tanto para a dinâmica de doação de órgãos quanto para a captação de voluntários e colaboradores para o trabalho de associações”, avaliou.
DADOS ESTADUAIS – Pernambuco realiza, atualmente, transplantes de coração, córnea, fígado, medula óssea, rim e pâncreas. Os dados mais recentes da Central de Notificação, Captação e Distribuição de Órgãos (CNCDO) mostram que 521 procedimentos foram realizados no Estado, entre 1° de janeiro e 31 de maio.
IMPORTÂNCIA – Segundo Uchoa, um único doador pode salvar ou melhorar a vida de até 25 pessoas. Foto: Rinaldo Marques
IMPORTÂNCIA – Segundo Uchoa, um único doador pode salvar ou melhorar a vida de até 25 pessoas. Foto: Rinaldo Marques
De acordo com balanço feito pela entidade, mais de mil pessoas esperam por um novo rim, 185 por córneas, 76 por um fígado, seis aguardam por um coração, 32 precisam da doação de medula óssea e um paciente está na expectativa por um transplante simultâneo de rim e pâncreas.
Além do Recife, que realiza todos os tipos de transplante, Petrolina, no Sertão do São Francisco, e Caruaru, no Agreste, também estão aptas a oferecer alguns procedimentos. A cidade sertaneja, por exemplo, é capaz de atender às necessidades de quem precisa de córneas. Já o segundo município tem condições de assistir aqueles que aguardam por um rim ou por córneas.



Com Informação da Assessoria. 

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