sábado, 14 de dezembro de 2013

Lucas Lyra: o porta-voz da esperança

Atingido por um tiro na cabeça em fevereiro, Lucas impressiona pela recuperação


 (Paulo Paiva/DP/D.A Press)
Um jovem de 20 anos, sorridente, brincalhão e falante. Que saboreia cada palavra dita. O som de cada uma delas. Há pouco menos de um mês, o torcedor Lucas Lyra, baleado na cabeça em fevereiro, antes de um jogo do Náutico, voltou a falar e ouvir a própria voz. Mais uma vitória da sua incrível recuperação, considerada um milagre para quem chegou a ser dado como sem esperança de sobreviver. 

Com a voz, Lucas também ganhou mais uma atividade no Real Hospital Português, onde está internado. Além das sessões de fisioterapia e fonoaudiologia, uma vez na semana, ele deixa o quarto e participa de uma missa na capela do hospital para contar sua experiência. É o porta-voz da esperança.

E para a reunião deste domingo, Lucas poderá falar pela primeira vez sobre toda a sua história. Na última quinta-feira, ele, enfim, tomou conhecimento do real motivo que o levou a estar ali. Isso porque, por precaução, a mãe, Cristina Lyra, evitou contar a verdade para o filho. Dizer que ele havia sido vítima de uma violência estúpida. Anteontem, mais essa barreira foi transposta. “Tinha receio porque não sabia qual seria a reação. Mas quando percebi que ele estava preparado para saber a verdade, resolvi falar. E eu estava certa. A reação dele foi a de sorrir, levar a mão à cabeça e dizer que estava surpreso por estar vivo”, recordou Cristina.

Na sexta-feira, Lucas Lyra recebeu a equipe do Superesportes para uma entrevista. Uma conversa de pouco mais de 20 minutos para celebrar a vida.
O que você lembra do dia em que você foi baleado?
A mãezona me disse que eu levei um tiro. Agora onde foi e de que revólver foi, eu tô por fora.

Qual foi a sua reação quando soube o que aconteceu?
Só fiz agradecer a Deus. Ele deu a minha vida de volta. Para eu poder viver com a minha mãezona, com a minha irmãzona e com o meu irmãozão. Eu tenho a impressão que Deus olhou pra mim e disse, volte. Ainda não chegou a tua hora não. Obedeça.

Você considera a sua recuperação fruto de um milagre?
Deus fez mais um milagre na minha vida. O primeiro foi ter me dado essa mãezona lindona, essa irmãezona e esse irmãozão. 

Lucas com os irmãos e a mãe: força sempre presente (Paulo Paiva/DP/D.A Press)
Lucas com os irmãos e a mãe: força sempre presente
O que a sua família representou na sua recuperação?

Representou tudo. Foi, é, e sempre será tudo. A base de tudo. Mais do que tudo.

O que você planeja para o futuro?
Trabalhar com computação. Sou viciado em computador. Ou músico. Eu sou doido por maracatu.

E assim que sair do hospital?
Além de pegar boyzinha? Jogar futebol.

Jogava em que posição?
Todas. Só não era goleiro, nem juiz, nem técnico.

Você pretende voltar a assistir jogos do Náutico?
Tenho uma saudade do caramba. O Náutico saiu dos Aflitos, não foi? Mas se não for nos Aflitos, quero ver do mesmo jeito. Sendo o Náutico jogando….Time é só Náutico. E seleção é a do Brasil.

Algum jogo em especial?
Náutico x Sport ou Náutico x Santa. Vendo o Náutico jogar está bom. Se for clássico, melhorou.

No próximo ano teremos a Copa do Mundo aqui no Recife. Você quer ver algum jogo?
Se Deus quiser vou assistir.

Você foi vítima da violência antes de um jogo de futebol. Qual o recado que passa para esse momento de briga de torcidas?
Não tem nada a ver com futebol. Futebol é esporte de paz. Não era nem para ter falta, imagina briga fora do campo.

Você assistiu ao jogo entre Atlético-PR e Vasco, domingo passado, e viu a briga entre membros das torcidas organizadas dos dois times. O que você pensou?
Aquilo é uma palhaçada. Tudo o que é confusão é palhaçada. De todo tipo.

O que você pensa das torcidas organizadas?
Quando é só organizada é bom. Quando provoca briga não é bom não. Nada que provoque briga é bom.

Qual foi a sua reação quando escutou sua voz de volta?
Me senti como se tivesse nascendo de novo. Foi muito bom.

Qual a primeira coisa que você falou?
Mãezona.

Natal está chegando. O que você queria ganhar de presente?
Pra mim? Nada. Pra minha família, saúde. Já ganhei meu presente. Minha vida e minha voz de volta. Vai ser ótimo. Melhor impossível. Parem de chorar (para a família), por favor. Vai me dar vontade de chorar.

Você perdoaria o homem que atirou em você?
Já perdoei. Desde o dia EM que ele fez essa merda. Porque isso foi uma merda. Das grandes. O azar foi dele de ter feito isso.

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