“Em uma operação conjunta, da Polícia Federal e da Polícia Civil, acompanhada por promotores do MP e representantes da OAB, na manhã desse domingo, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso foi detido em seu apartamento no bairro de Higienópolis em São Paulo; José Serra foi preso, praticamente no mesmo horário, em sua casa no bairro Alto de Pinheiros, também na capital paulistana; o senador Eduardo Azeredo foi alcançado em sua residência na cidade de Belo Horizonte.
Os políticos tucanos são acusados de corrupção ativa (e passiva) e formação de quadrilha para a compra de parlamentares em episódios nefandos da política nacional, tais como o caso da compra de votos por R$200 mil [em valores de hoje, cerca de meio milhão de Reais] na votação da emenda pela reeleição de FHC e no episódio que ficou conhecido na crônica política como “mensalão mineiro”.
Consta ainda no processo, que ocasionou as detenções, farta documentação comprobatória de outro recente e rumoroso escândalo chamado de “propinoduto” tucano ou “trensalão”. No calhamaço estão anexados extratos e nº de contas no exterior.
Foram expedidos ainda uma dúzia de mandados de prisão, e de busca e apreensão, que estão sendo cumpridos, também nessa ensolarada manhã de domingo, em conhecidos endereços na Rua Maranhão, nesse mesmo bairro elegante do centro de SP, onde residem 9 entre 10 tucanos, demais “apaniguados” e/ou “correligionários” do PPS.
O juiz da 13ª vara da Justiça Federal assinalou ainda, em seu longo e erudito despacho, que nunca, em sua já extensa carreira de magistrado, havia se deparado com semelhante processo endêmico de corrupção mafiosa, incrustado, tal qual um carcinoma, no corpo do Estado, no qual um grupo político pretendia se utilizar da máquina pública e de seu poderio político para manter-se ad eternum no poder. Disse ainda que em casos como esses, como é muito difícil a obtenção de provas factuais e irrefutáveis, recorria à teoria do Domínio do Fato para determinar/acolher a prisão de quase todos os denunciados.
Quase todos os denunciados, pois havia sido solicitada também a prisão preventiva dos publishers dos jornais Folha de S. Paulo e O Estado de S. Paulo, bem como das revistas Época e Veja, por envolvimento com a súcia – há alegações nos autos de que estes veículos recebiam um suposto “mensalão da mídia” para não veicular notícias que denunciassem os malfeitos do grupo criminoso. O soberano juiz indeferiu esses outros pedidos de prisão temporária e preventiva, também solicitados no inquérito policial, alegando o respeito ao princípio inalienável da liberdade de imprensa, consagrado na Carta Magna.”
Felizmente para uns, e infelizmente para outros, essa notícia retratada acima é falsa. Trata-se tão somente de uma peça de ficção para que alguns sintam a mesma sensação que outros “desfrutaram” – por assim dizer. Para que alguns sintam, tenham a exata noção, momentaneamente, ao menos numa peça de ficção, o que alguns outros sentiram na própria pele: o opróbrio, a ignomínia.
FHC, José Serra e Azeredo não sofrerão o vexame da prisão e da execração pública; sequer o merecem. Assim como não merecem José Dirceu, José Genoíno e Delúbio Soares. É tudo uma questão de Justiça. É tudo uma questão de procurar enxergar as coisas como elas de fato são. É tudo uma questão de se despir do véu de hipocrisia, do falso moralismo e das paixões partidárias.
Como diz o dito popular, e já repeti aqui inúmeras vezes: o pau que dá em Chico, também tem que dá em Francisco. Afinal, Francisco e Chico são cidadãos que devem ser iguais perante a lei.
Esse princípio, basilar, o da igualdade, também está inscrito na nossa Carta Magna. São garantias fundamentais do cidadão – da preservação da cidadania.
É a esse princípio que alguns tentam solertemente solapar.
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