segunda-feira, 9 de julho de 2012

NOAR - 1 ANO DEPOIS Traumas não acabam para familiares das vítimas do acidente

Fotos: Widio Joffre


Roseane Oliveira (D) não olha para fotos da irmã, a engenheira Maria da Conceição, desde o acidente
 Na edição desta segunda-feira, a série de reportagens sobre o um ano da tragédia com o avião da NoAr, em Boa Viagem, no Recife, que matou 16 pessoas, mostra os traumas de quem perdeu um parente no acidente. Os medos se multiplicam e o controle emocional torna-se frágil. Na tentativa de minimizar esse drama, a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) realizará, nesta segunda-feira, uma reunião com a Associação dos Familiares e Amigos das Vítimas da NoAr (Afav/NoAr). O resultado desse encontro será publicado nesta terça-feira (10).
No percurso da vida, o ser humano é forçado a adaptar-se a diversas situações e, na maioria das vezes, é possível adequar-se a elas sem maiores problemas. Mas quando a imposição do destino é dramática e vem sem avisar, como no caso do desastre ocorrido no Voo-4896 da NoAr, é preciso ser forte para segurar o turbilhão de sentimentos e de novidades. Dor, pela morte de um ente querido; saudade, gerada pela despedida; angústia, proporcionada pela busca desenfreada da justiça. Tudo isso junto, por mais que a pessoa seja controlada, vai gerar danos psicológicos e com eles surgem os traumas.
Com os parentes das vítimas do acidente aéreo envolvendo o avião da NoAr não é diferente. Diante do baque de perder um familiar de repente, algumas pessoas desenvolveram problemas psicológicos. Só na casa da engenheira Maria da Conceição Oliveira, pelo menos cinco pessoas recebem acompanhamento de um psicólogo e uma delas também é tratada por psiquiatra. “Desde o acontecimento não olho fotografias da minha irmã. Ainda não me acostumei com a ausência dela. Entre os que perderam entes queridos, tem gente até com depressão profunda. Existem diversos sintomas que só estão aparecendo agora”, disse Roseane Oliveira, irmã da vítima.
Mesmo evitando as fotos, a professora Roseane não consegue escapar de outras lembranças que a machucam. “Sempre que tenho que mexer em documentos pessoais dela ou nos que remetem ao acidente, sinto-me mal. É complicado viver dessa forma. Éramos muito apegadas. Costumo falar que ela era minha ‘marida’”, disse. A matriarca dessa família, de 81 anos, apresenta sintomas ainda mais sérios que os da filha. “Após a tragédia, minha mãe precisou ser submetida a uma cirurgia cardíaca. Agora, quase um ano depois, está perdendo a voz. O médico nos falou que fisicamente ela não tem nada. É tudo psicológico. Mamãe perdeu três filhos em acidentes, sendo um de carro, outro de choque elétrico e mais recentemente, na queda do avião”, contou.
O drama dos familiares também se renova quando eles precisam viajar de avião, e quando conseguem. “Depois de vivenciar e sofrer o que aconteceu com minha irmã, não voei mais. As pessoas me chamam, mas não sinto segurança”, contou Roseana. A mãe do cirurgião-dentista Raul Farias, outra vítima do acidente, Taciana Guerra Farias, também tem problema ao entrar na aeronave. “Nos primeiros minutos que estou lá dentro, na hora da decolagem, passa um filme na minha cabeça. Imagino os momentos angustiantes que meu filho viveu”, disse ela, ao relembrar que aquela viagem foi interrompida com a queda, ocorrida cerca de quatro minutos após a decolagem.

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