Fabio Martins prestou queixa na polícia e acionou o Ministério Público nesta terça. Foto: Facebook/Reprodução |
Uma denúncia de racismo em um bar na Zona Norte do Recife virou caso de polícia nesta terça-feira. Durante uma confraternização com amigos, o empresário Fabio Martins, de 40 anos, teria sido chamado de "negro filho da puta" por um garçom do Bar do Neno, em Parnamirim. A ofensa veio depois que o grupo, que consumiu R$ 450, se recusou a pagar os 10% (que não são obrigatórios), na noite do domingo.
Nesta terça-feira, o empresário registrou queixa por racismo na Delegacia de Casa Amarela e procurou o GT-Racismo do Ministério Público. "Já viajei o mundo e nunca passei por uma situação assim. Eu e meus amigos fomos tratados como vagabundos. É preciso tomar uma atitude para que esse tipo de comportamento pare", declarou.
Por sua vez, Lula Sampaio, um dos sócios do estabelecimento, explicou que o garçom envolvido na denúncia entrou de férias nessa segunda. "Estamos investigando o que houve internamente. Não posso dizer que é verdade ou que é mentira. Fomos eleito o melhor boteco da cidade porque trabalhamos corretamente. O cliente é nosso patrão", assegurou. O Bar do Neno não possui câmeras internas de videomonitoramento que poderiam ter registrado a ocorrência.
A briga entre o garçom e o cliente, no entanto, começou bem antes do fechamento da conta. "Nós fomos para lá por volta das 18h. Éramos oito em três mesas. Pedimos chopp e veio com o colarinho muito grande, eu não gosto. Educadamente, chamei o garçom e pedi para colocarem menos para mim. Ele virou estupidamente e disse que não, disse que o chopp de lá era assim mesmo. Pedi outro chopp e, mais uma vez, pedi com menos colarinho, ele virou e disse que não podia e pronto. Desisti e pedi cerveja", explicou Fabio. Horas depois, ao pedir a conta, uma das amigas disse que não iria pagar os 10% e foi quando a situação saiu do controle.
"Nós rachamos tudo e ele veio questionar o porquê de não pagarmos a taxa. Minha amiga lembrou que não somos obrigados pela lei e disse que não gostou do atendimento, porque ele havia me destratado. Nesta hora, ele resmungou, me chamou de "negro filho da puta" e saiu. Ela, que também é negra, ouviu e começou a chorar", detalhou a vítima.
Os amigos procuraram o gerente, mas foram informados de que ele havia saído e não tinha hora para voltar. "Até então, nós pensávamos que o problema era em relação aos 10%. Pedimos até o Código de Defesa do Consumidor e ele ficou tratando com descaso, dizendo que nem sabia o que era esse código. Depois que o racismo veio à tona, ele disse que poderíamos arrumar nossos "advogadozinhos" que o bar tem advogados muito bons. Quando fomos embora, ainda me chamaram de negro "liso da porra"", concluiu Fabio Martins.
Nota de esclarecimentoEm resposta à denúncia, a direção do Bar do Neno também emitiu nota de esclarecimento. No documento, eles informam que estão trabalhando intensamente para esclarecer os fatos. Confira a nota na íntegra:
Tendo em vista a postagem veiculada pelo Srs. JC Marçal e Fábio Martins em nossa página, bem como os comentários que se seguiram, gostaríamos de reafirmar o nosso repúdio a qualquer forma de discriminação, preconceito, violência ou grosseria.
Por princípios e convicções, ao longo de mais de 20 anos de atuação, sempre pautamos as nossas ações e orientamos os nossos funcionários a trabalhar com respeito e consideração a todas as pessoas, especialmente os nossos clientes, que são essenciais à nossa existência. Estamos trabalhando intensamente para esclarecer e compreender completamente os fatos relatados na aludida postagem, de modo a tratar adequadamente o assunto e os eventuais responsáveis pedindo, desde já, independentemente de qualquer conclusão a respeito, as nossas sinceras desculpas as pessoas mencionadas na aludida postagem, assim como a todos aqueles que tenham se sentido ofendidos.
Cordialmente,
Sócios do Bar do Neno e Bar do Lula.
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