Podem  se candidatar a vereador os maiores de 18 anos que tenham título de  eleitor há mais de um ano no município onde pretendem disputar o cargo e  sejam filiados a um partido político há mais de um ano das eleições.
Apesar  de estar definido em lei quem pode se candidatar qual é a missão dos  eleitos, especialistas ouvidos pela Agência Brasil afirmam que a função  do vereador está desvirtuada por pelo menos dois motivos. O primeiro  está no fato de muitas prefeituras cooptarem os vereadores por meio da  distribuição de cargos na administração local e do uso do dinheiro  público. O segundo fator, relacionado e influenciado pelo primeiro, é a  falta de cultura política do eleitorado, que não acompanha o trabalho  dos vereadores depois de empossados.
“A  função das câmaras de Vereadores foi esvaziada. Os vereadores não  cumprem seu papel, não fiscalizam. Quem legisla, de fato, é o [Poder]  Executivo. [As prefeituras] não têm importância nenhuma para o eleitor”,  critica Cláudio Abramo, do site Transparência Brasil. “Os prefeitos  ‘compram’ suas bases por meio da distribuição de cargos”, lamenta.
O  cientista político Fábio Wanderley dos Reis, professor emérito da  Universidade Federal de Minas Gerais tende a concordar com Abramo. “Não  tem nada que aconteça de relevante [nas câmaras de Vereadores]. O poder  foi posto de lado e depois jogado fora”, disse Wanderley, ao comentar  que vereadores “se ocupam mais em mudar nome de rua” ou escolher pessoas  para prestar homenagem em sessões especiais.
O  advogado Walter Costa Porto, ex-ministro do Tribunal Superior Eleitoral  (TSE) e historiador especializado em eleições no Brasil, porém, tem  visão mais positiva dos vereadores e diz que eles participam da  administração municipal. Costa Porto reconhece, porém, que o sistema de  votação proporcional dentro de coligações partidárias cria uma disfunção  grave. “O eleitor não sabe para onde vai seu voto. Ninguém conhece as  listas partidárias. Vota em um candidato a vereador e elege outro.”
A  representação local – câmaras dos Vereadores – é o sistema de eleitoral  mais antigo do Brasil. Segundo Walter Costa Porto, a primeira eleição  para os “conselhos da câmara” ocorreu em 1.535 vilas no interior do que  hoje é o estado de São Paulo.
Para  ele, apesar da antiguidade, o sistema eleitoral, associado ao  desinteresse e desconhecimento dos eleitores, “faz da democracia no  Brasil um simulacro [imitação]”. O problema se agrava com a impunidade  concedida pelos próprios eleitores. “Falta educação cívica. Ninguém é  punido pelo voto”, diz o advogado, ao salientar que é comum os eleitores  esquecerem para quem foi seu voto para vereador, assim como para  deputado estadual e deputado federal.
“O  grau de politização é muito baixo. Muitos eleitores votam por  obrigação” e “há uma crise de confiança no Legislativo”, afirma Carlos  Eduardo Meirelles Matheus, líder do Comitê de Opinião Pública da  Associação Brasileira de Empresas de Pesquisas (Abep) e ex-diretor do  Instituto Gallup de Opinião Pública.
Apesar  de crítico, Matheus ressalta que os vereadores exercem o mandato como  “intermediários” entre os eleitores e a prefeitura. “Nas cidades  maiores, eles trabalham pelos bairros e encaminham solicitações”. Ele  diz que a proximidade dá “um pouco mais de transparência” aos mandatos  dos vereadores.
De  acordo com o site Transparência Brasil, o custo de funcionamento do  Poder Legislativo no Brasil (câmaras de Vereadores, assembleias  legislativas, Câmara dos Deputados e Senado Federal) é, em média, R$  115,27 por ano para cada um dos brasileiros que moram nas capitais. O  valor varia de cidade em cidade.
“A  Câmara de Vereadores mais cara por habitante é a de Palmas, capital do  Tocantins, que custa anualmente R$ 83,10 para cada morador da cidade. A  mais barata é a da capital paraense, Belém, com R$ 21,09 por ano”,  descreve o site, que também monitora as propostas e votações nas duas  maiores câmaras de Vereadores do país: São Paulo e Rio de Janeiro.

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