Widio Joffre 
                                 Daniel Oliveira, 37, é um dos que vive o sofrimento de ficar internado. Está há 23 dias na unidade médica                                                                                                  Acidentes de motos tornaram-se cada vez mais frequentes em  Pernambuco. Considerando-se os dados do Hospital da Restauração (HR),  unidade de referência para atendimentos de alta complexidade em trauma, é  possível perceber que um paciente grave permanece internado por cerca  de 33 dias. O custo para operá-lo e mantê-lo no melhor estado de saúde é  em torno de R$ 154 mil. A principal causa dos acidentes, por sua vez, é  a imprudência do condutor. Para reverter essa realidade, a Secretaria  Estadual de Saúde (SES), em parceria com o Comitê Estadual de Prevenção  aos Acidentes de Motos, realiza ações educativas, bem como fiscalizações  em todo o Grande Recife e nas 11 regionais de Saúde do Estado.
Conforme o secretário executivo do comitê, o médico João Veiga, que  já foi diretor médico do Hospital da Restauração (HR), 11% dos pacientes  internados nessa unidade de saúde saem amputados ou paraplégicos.  “Todos eles saem do HR com alguma restrição física temporária. Ou seja,  não podem trabalhar ou fazer algumas atividades e todos recebem  atestado médico e ficam de licença por mais de dois meses”, informou. O  doutor ainda frisou que 85% dos casos de acidente são causados pela  imprudência do motorista. “Eles, geralmente, andam descalços,  ultrapassam sinal e não usam capacete, ou colocam o equipamento sem  atacá-lo. Quando caem, o capacete não adianta de nada”, afirmou.
Dessa forma, resta ao Governo do Estado arcar com os custos do  paciente. E a quantia necessária para esta atividade, conforme o  Ministério da Saúde, aumentou em 1.286%, de 2008 a 2011. Isto é, o que  totalizava R$ 184 mil passou a somar R$ 2,5 milhões. Ainda segundo o  órgão federal, consequentemente, o número de óbitos também cresceu, de  372 em 2008 para 634, em 2010. Sendo assim, os acidentes com  motociclistas ultrapassaram os casos de atropelamento, que eram  considerados os possuidores de maiores índices. “Em uma série histórica  de dez anos, os atropelamentos sempre tiveram à frente de qualquer  acidente de automóvel. Mas, nos últimos três anos, isso se inverteu. Em  2011, os acidentes de moto, considerando colisão e queda, ultrapassaram  em 65% os atropelamentos”, atestou João Veiga.
O atendente Daniel Oliveira da Cruz, 37, sabe o que isso significa.  Há 23 dias, ele está internado no HR, após sofrer um acidente de moto  entre os municípios de Garanhuns e Canhotinho, no Agreste de Pernambuco.  “Estava indo visitar minha irmã em Providência (distrito pernambucano) e  vinha com minha esposa na moto. Não me lembro da batida, mas foi por  causa dela que minha mulher faleceu”, contou. Daniel quebrou o fêmur,  perdeu parte do braço esquerdo e ainda sente fortes dores. “Agora, estou  esperando que alguns ferimentos cicatrizem para que eu possa fazer a  cirurgia”, complementou.
Na opinião do atendente, ainda faltam mais ações para conscientizarem os  motociclistas. De fato, Daniel está correto. “A gente instituiu a  Operação Lei Seca, parando cerca de 150 mil automóveis em seis meses. A  partir de agora, a operação vai se estender para as 11 Regionais de  Saúde com duas equipes em cada uma. Também abrimos filiais do nosso  comitê nessas 11 Regionais, onde se monitoram os acidentes de moto”,  informou. Propagandas televisivas também são exibidas de modo a abordar a  problemática.