Quito Ribeiro conta como criou sucessos da novela 'Cheias de charme'.
Além de escrever canções, ele editou filmes como 'Tropa de elite 2'.
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Saiu da cabeça de Quito Ribeiro, nome artístico do compositor de 41 anos, o hit da novela "Cheias de charme".
Penha (Thaís Araújo), Rosário (Leandra Leal) e Cida (Isabelle Drummount) popularizaram os versos sobre as empreguetes, mas a resposta da rival Chayene (Cláubia Abreu) já está a caminho. A diva do eletroforró vai lançar nos próximos capítulos a música "Vida de patroete", também composta por Quito.
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"A encomenda foi de uma resposta que ficasse claro que havia essa referência à vida de empreguete. São músicas irmãs", explica por telefone ao G1. "A letra fala do cotidiano das patroas e das queixas às empregadas. Chayene tem muito carisma, a música vai ajudá-la a dar a volta por cima." Ele conta como escreveu os hits e repassa a carreira que começou em Salvador e continua no Rio.G1 - Como foi a encomenda de 'Vida de patroete'?
Quito Ribeiro - Os autores gostaram muito da "Vida de empreguete" e como eles queriam uma música das patroas que fosse uma resposta, foi natural que eles me pedissem para fazer essa segunda música. A encomenda foi de uma música resposta que ficasse claro que havia essa referência à "Vida de empreguete". Então, são duas músicas irmãs. Há elementos musicais semelhantes nas duas.
Quito Ribeiro - Tomara que aconteça algo semelhante, mas não tenho como prever. Agora, é uma música para o condomínio na novela, mas Chayene tem muito carisma, a música vai ajudá-la a dar a dar a volta por cima. Como ela é uma cantora de eletroforró, tentei fazer uma música que dialogasse com isso e ao mesmo tempo com o pop das empreguetes. A letra fala um pouco do cotidiano das patroas e de suas queixas em relação as empregadas.
em cena de 'Cheias de charme'
(Foto: Divulgação/TV Globo)
Quito Ribeiro - É a primeira vez. O Hermano Vianna [sociólogo e consultor musical da novela] é meu amigo e me perguntou se toparia fazer música para a novela. Eles estavam pedindo para outras pessoas, entre elas eu. Ele me mandou um e-mail com o briefing. Fiz a música, mostrei, ficou um tempo de suspense... Depois de dois meses, disseram que gostaram mais da minha.
G1 - Como foi a produção de 'Vida de empreguete'?
Quito Ribeiro - Chamei o Jonas Sá para produzir a faixa para mim, antes mesmo da música ser escolhida. Produzimos a gravação com a minha voz e a de uma amiga minha, Cecília Spyer. Quando a música foi aprovada, quiseram que só substituísse as vozes pelas das meninas. Usaram o mesmo instrumental da gravação original. O contato do Hermano foi no fim de março. Eu fiz a música em dois dias. Mandei voz e violão, mas pediram outra versão. A versão de agora com as vozes das atrizes foi gravada em maio. A novela já estava no ar.
G1 - Você falou de um e-mail com briefing, o que tinha nele?
Quito Ribeiro - Eles pediram que em determinado momento falasse "vida de empreguete, pego às sete". Falaram qual o espírito da novela, a onda das personagens, para quem a música era dirigida. Perguntei para minha empregada, a Kelly, como era o fim de semana dela. Para o refrão, queria alguma coisa alegre, que não fosse de trabalho. A primeira parte já falava sobre isso. Ela me falou: "Fim de semana é igual: as meninas se arrumam, se vestem toda e vão para o baile". Daí veio a ideia do "salto alto e ver no que vai dar". Mas tem outra frase forte na música e nas paródias: é a parte "queria ver madame aqui no meu lugar". Todo mundo se identifica com isso. Todos querem ver um rival do trabalho na mesma situação. Esse verso tem força.
Quito Ribeiro - Eu sou editor de filmes. No final do filme "No meu lugar", do Eduardo Valente, precisava de uma música e eu escrevi. Também editei. No caso da novela, gostei de ter feito. Foi legal e me senti confortável. Eu me identifiquei com a força audiovisual das imagens da letra. Foi fácil fazer.
G1 - 'Vida de empreguete' já te deu bastante dinheiro?
Quito Ribeiro - A maior parte do dinheiro vem com execução pública. "Vida de empreguete" vem tocando no rádio, na novela, em programas. O fato é que eu vou ganhar... Mas eu não ganhei por ter feito a música. Eu ganho por ela estar dentro da novela. Não é como fazer um jingle, não ganha por ter feito. Ganho pelo fato de ela estar sendo tocada na novela. Recebo também porque está tocando na novela e nos programas, via Ecad [órgão responsável pela a arrecadação e distribuição dos direitos autorais das músicas].
G1 - Então, hoje seu ganha-pão é como editor de filmes?
Quito Ribeiro - Eu ganho o dinheiro para viver é com cinema. Mas faço shows. Música é um mercado que vem mudando muito, com a internet. Estamos em um momento de transição. Tenho que me virar para sobreviver com isso. Como compositor, só ganho nessas situações. É quando entro em discos, novelas. Não dá para me sustentar como compositor.
G1 - Você está há 17 anos no Rio. Mas quanto o fato de você ser baiano ainda influencia nas músicas que você cria?
Quito Ribeiro - Influencia porque a Bahia é um estado muito musical. Minha experiência lá era muito na rua, no ambiente de carnaval. Em 1985, com 14 anos, era o auge dos blocos afro. Eu vivi toda essa euforia na Bahia. Eu morava lá e vi o surgimento de Daniela Mercury, Timbalada. Isso está na minha origem. Não sei se essa música é caracterizada como música baiana, não é um axé music. Mas mesmo assim está ali por perto. Ela tem uma levada de ska, que é um ritmo jamaicano. E é um tipo de música que influenciou a Bahia.
Quito Ribeiro - Tem um pouco de Paralamas do Sucesso e do pop contemporâneo, de Beyoncé, Rihanna. As empreguetes têm um pouco deste traço... Foi algo que fez eles gostaram da música. Se a Ivete Sangalo gravasse, cairia bem no axé. A Gaby Amarantos comentou comigo que era como um tecnobrega.
G1 - O líder do Psirico, Marcio Victor, toca no seu primeiro CD, assim como Domenico, Kassin e Moreno. Como é andar com a turma da MPB mais cabeça e com o pessoal do pagode-axé, mais popular?
Quito Ribeiro - Meu único disco se chama "Uma coisa só". Tem a turma do Acabou La Tequila, Mulheres que Dizem Sim, +2. E tem a galera de Salvador, Carlinhos Brown, Marcio. A geração 2000 tem uma característica que a gente faz as coisas juntos, mas não faz a mesma coisa. Tem espaço para cada um ter sua leitura. Não vejo por que não juntar as duas coisas. Estou produzindo um CD novo e devo gravar no fim do ano.
G1 - E quais seus projetos do cinema?
Quito Ribeiro - Estou montando um filme do José Wilker, o primeiro dele como diretor. É com o personagem Giovanni Improtta. Acabei de fazer o DVD do Gilberto Gil, "Concerto de cordas". E estou montando documentário sobre o [advogado] Sobral Pinto [1893-1991].
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